Quando o marketing político explora vulnerabilidades eleitorais [#21]

As eleições municipais deste ano já enfrentam desafios significativos em relação à integridade do processo eleitoral. Em São Paulo, a Justiça Eleitoral bloqueou, em caráter liminar, as redes sociais de um dos candidatos por suspeitas de impulsionamento ilegal e aliciamento de eleitores, mascarado sob um "campeonato de cortes" em vídeos de campanha. A estratégia, que inclui prêmios em dinheiro para seguidores que viralizam os vídeos em canais digitais, levanta sérias questões sobre abuso de poder econômico e uso indevido de comunicação para propaganda política. Essa situação evidencia a sofisticação crescente nas táticas de desinformação, que agora exploram brechas na legislação para minar a confiança no processo eleitoral. A preocupação vai além da suspeita de ilegalidade, já que as práticas usadas na campanha tendem a aumentar a polarização política, especialmente em um cenário no qual a manipulação das redes sociais é um poderoso recurso de marketing.

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Judicialização do uso de IA na campanha eleitoral desafia tribunais [#20]

Levantamento feito pelo Aos Fatos revela que a dificuldade de interpretação e a falta de perícia nas decisões judiciais sobre o uso de Inteligência Artificial em anúncios políticos podem ser mais impactantes nas eleições deste ano do que os efeitos da propaganda enganosa. Durante a pré-campanha, algumas decisões de juízes e juízas eleitorais não corresponderam a um padrão porque o Brasil ainda não tem uma base legal estruturada para enfrentar o desafio nem exemplos de casos para sustentar as interpretações. Também não há conhecimento técnico específico para identificar as tecnologias usadas em conteúdos supostamente irregulares. Os riscos para a integridade eleitoral, neste cenário, são mais sutis. A tendência de judicialização de qualquer tipo de conteúdo considerado enganoso pode sobrecarregar a Justiça Eleitoral com decisões controversas e minar a credibilidade dos argumentos jurídicos.

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Desinformação política dribla estratégias para conter seus efeitos [#19]

Para garantir a integridade das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral anunciou medidas que incluem convênios com grandes empresas de tecnologia, transparência das ações judiciais e o lançamento de campanhas contra mentiras na campanha. Contudo, as estratégias de marketing digital exploradas por candidatos como Pablo Marçal, em São Paulo, somadas ao papel ambíguo das 'big techs', levantam questões que não estão no escopo das propostas para enfrentar o fenômeno da desinformação. A crescente influência dos modelos de negócio das plataformas digitais e o apoio financeiro de gigantes da tecnologia em iniciativas de educação midiática e produções jornalísticas, incluindo checagem de fatos, revelam um dilema: estariam essas ações fortalecendo a Democracia ou apenas reforçando estratégias que lucram com a desinformação?

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IA é desafio e parceira na busca por integridade eleitoral [#18]

O uso da Inteligência Artificial nas eleições deste ano é tema central nas discussões sobre os impactos da desinformação. A Justiça Eleitoral implementou normas rigorosas para evitar o uso de conteúdo fabricado e, ao mesmo tempo, vai adotar ferramentas de IA para dar agilidade e eficiência no combate às 'fake news'. Como desafio, a integridade do sistema de votação e a própria atuação da Justiça Eleitoral passam pelo escrutínio de uma população vulnerável às informações falsas, mas favorável a punições severas para candidatos que se beneficiem do uso de desinformação ao longo da campanha. O dilema nesse cenário está em como garantir respostas rápidas no combate à propagação de conteúdo enganoso e justificar as decisões a um grupo significativo de eleitores incapaz de discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso na disputa pelo voto.

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Justiça Eleitoral está entre a resposta ágil e uma jurisprudência sólida [#17]

Guilherme Boulos, candidato à prefeitura de São Paulo, se reuniu com a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, para discutir a urgência da agilidade nas respostas da Justiça Eleitoral em coibir 'fake news' durante a campanha. Para ele, o repositório de jurisprudências criado pela Justiça Eleitoral para ajudar nas decisões pode ajudar nessa missão. No entanto, o "senso de urgência" enfatizado pelo candidato está deslocado. A grande oportunidade nestas eleições é a de consolidar uma jurisprudência sólida no enfrentamento à desinformação, especialmente porque o processo regionalizado deve permitir diversidade de casos concretos a serem analisados de forma descentralizada por juízes de primeira instância. Os desafios estão na dificuldade de definir objetivamente o que é desinformação, distinguindo o que expressa má-fé, e a quem cabe este papel.

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Diálogos entre eleitor, IA e conteúdo enganoso pedem mediação humana [#16]

Em evento no Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, juristas especializados em Direito Eleitoral levantaram vários desafios para as eleições municipais deste ano. Dois deles nos parecem essenciais para a compreensão do fenômeno da desinformação em processos eleitorais. Primeiro, para avaliar os riscos a serem enfrentados seria necessário encontrar maneiras de verificar o peso das ferramentas de Inteligência Artificial na formação de consciência do eleitorado, visto que a mediação humana vem diminuindo. Além disso, estaria no potencial lesivo dos conteúdos enganosos a possibilidade jurídica de enfrentar as 'fake news' sem estigmatizar grupos e pessoas que, mesmo ingenuamente, defendem suas opiniões e crenças. Trazemos esses desafios para o debate levando em conta as teorias da conspiração e falsidades propagadas depois do atentado ao ex-presidente e candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Leia mais sobre o artigo Pressões econômicas e extremismo político contra a regulação de IA [#15]
Glowing blue sphere held by human hand generated by artificial intelligence

Pressões econômicas e extremismo político contra a regulação de IA [#15]

O Projeto de Lei que regula o desenvolvimento e o uso de Inteligência Artificial no Brasil foi mais uma vez adiado, vítima da desinformação e do 'lobby' das grandes empresas de tecnologia e representantes da indústria. Políticos extremistas e alinhados aos interesses das grandes empresas de tecnologia alegam que o texto abre possibilidades para a censura e o controle estatal. Entidades que representam a indústria e o setor empresarial condenam o que chamam de "carga excessiva de governança" sobre os processos de inovação. Nenhum dos dois argumentos procede. Mesmo com críticas, o texto do PL contempla os alertas feitos por especialistas para a necessidade de prevenir e mitigar os riscos no uso de IA adotando medidas de proteção aos direitos humanos. O que se percebe é uma aproximação entre as pressões econômicas e os discursos políticos extremistas para evitar o avanço das propostas legislativas.

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Leia mais sobre o artigo Medida inédita protege dados pessoais em recado às ‘big tech’ [#14]
Security system locks data for computer safety generated by artificial intelligence

Medida inédita protege dados pessoais em recado às ‘big tech’ [#14]

Na semana passada, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados determinou à Meta a suspensão do uso de dados pessoais de usuários para treinamento de sua ferramenta de Inteligência Artificial. A medida inédita tem caráter preventivo e dá um recado contundente às grandes empresas de tecnologia. Levanta-se agora um debate mais amplo sobre o equilíbrio entre os avanços dos modelos de IA e a proteção de dados, não só os pessoais. É praxe entre as empresas que detêm os serviços mais populares de tecnologia a ideia de que dados públicos estão disponíveis para uso privado. Em sua justificativa, a Meta alega que a medida da ANPD representa um atraso para os usuários brasileiros e justifica que os benefícios de IA compensam o fato de não ter avisado amplamente sobre as mudanças em suas políticas de privacidade nem ter oferecido um jeito rápido e simplificado de dizer "não" às atualizações, como manda a Lei Geral de Proteção de Dados.

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Influenciadores sintéticos amplificam o negócio de incentivar dúvidas [#13]

Autoridades eleitorais acendem o sinal de alerta para a presença de influenciadores produzidos com ferramentas de IA, no cenário político-eleitoral. No "limbo jurídico", esses influenciadores sintéticos não podem ser alcançados pelas regulações existentes. Mas é importante reconhecer que a influência de produtos artificialmente produzidos vai muito além de imagens, vídeos e áudios que imitam políticos e celebridades para enganar eleitores. A desconfiança nos processos e nas instituições democráticas não decorre apenas de fatores ideológicos. Emoções negativas são estimuladas por um negócio lucrativo e amplificado pelo propósito de fazer as pessoas agirem ou se omitirem com base em suas próprias crenças. Não existe consenso sobre o impacto disso no voto diretamente. Os estudos em diversas áreas mostram que os riscos para o processo eleitoral estão na mobilização política, por menor que seja, pelo medo e pelo ódio.

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Livre expressão deve levar em conta os limites de seu alcance [#12]

Os esforços para responsabilizar as plataformas de mídia digital pela circulação de conteúdo nocivo e fraudulento não são suficientes para conter a desinformação. Primeiro porque isso abre brechas para a censura se não houver um regramento claro sobre o que se quer que as empresas de tecnologia cumpram. Além disso, desconsidera uma infraestrutura lucrativa, onde algoritmos amplificam o alcance da desinformação e as empresas de tecnologia monetizam todo o tipo de narrativa que gere mais audiência. A qualidade da informação importa pouco nesse modelo de negócios, privilegiado pelo anonimato dos produtores de desinformação e pela falta de compromisso com os conteúdos de interesse social. Uma proposta interessante é limitar o alcance de conteúdos nocivos, o que exigiria enquadrar as plataformas em critérios que veículos de comunicação tradicionais já devem cumprir.

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