LEITURA CRÍTICA

BOLETINS SEMANAIS

Lição tirada nas eleições nos Estados Unidos: a economia da atenção eleitoral não dispensa mentiras e falsidades, mas a retórica usada para refutar alegações infundadas pode ter vitaminado o desempenho de Donald Trump nas urnas. O presidente recém-eleito abocanhou parte significativa dos votos de extratos populacionais tradicionalmente críticos a ele, na contramão das estimativas que davam como acirrada uma disputa eleitoral vencida com folga. É preciso também reconhecer que as discussões sobre o que é ou não verdadeiro em campanhas eleitorais ganham mais atenção do que propostas de solução para os problemas que enfrentamos. A questão é que estamos migrando para um cenário distópico, onde tudo parece mentira e o ceticismo tende a usar falsas equivalências para dar veracidade e autenticidade aos fatos.

EDIÇÕES ANTERIORES

Em nossas apurações, analisamos a polarização como modelo de negócio. As grandes empresas de tecnologia, responsáveis pela moderação no uso das mídias digitais, estão no centro do debate sobre regulação por privilegiarem a economia da atenção na incivilidade. Entre as soluções para amenizar as tensões sociais promovidas pelo extremismo político e o pânico moral a respeito do controle do Estado na regulação das redes, as leis em vários países têm revelado uma abordagem mais pautada na punição.

Nos dedicamos nesta semana a avaliar os riscos para a liberdade de expressão diante da ineficiência das plataformas digitais na moderação de conteúdos ilegais e do aumento de veículos supostamente noticiosos alimentados exclusivamente por Inteligência Artificial. As opiniões estão tomando conta do cenário informativo e a sofisticação das estratégias de desinformação torna muito difícil para o eleitor identificar o proselitismo político de grupos sem compromisso com os fatos.

O segundo boletim do Observatório Desinformação Informacional em Pauta discute a relação entre o populismo digital e a comunicação política. Em casos como o bate-boca digital entre o bilionário Elon Musk, dono do ex-Twitter, e o Estado brasileiro, o confronto direto para combater falsos argumentos nem sempre é a melhor estratégia.

O Observatório Desordem Informacional em Pauta lança seu boletim semanal sobre os impactos da desinformação em processos eleitorais. O objetivo é aprofundar o debate sobre desinformação em ciclos eleitorais a partir de fatos registrados no cotidiano pela mídia. Não há como desconsiderar a postura do bilionário Elon Musk, em confronto com o judiciário brasileiro. Liberdade de expressão não é o foco desse imbróglio.