LEITURA CRÍTICA

BOLETINS SEMANAIS

Na edição de número 30 do boletim “Desinformação em Pauta”, nossa leitura crítica traz argumentos sobre como o circuito da desinformação impacta na diluição do diálogo e da participação política. Para o filósofo Mark Coeckelbergh, um dos principais pensadores sobre Inteligência Artificial na atualidade, a vigilância e a manipulação de crenças são fatores de risco para o sistema democrático. As eleições no Brasil mostraram que o uso de IA pode não ter impactado como se imaginava, mas está contribuindo para ampliar a incivilidade no debate público, amparada por estratégias de marketing predatório, pelo medo da violência e pela polarização, fatores que estão afastando os mais jovens do cenário político. Não é o voto que está sob ameaça nesse cenário, mas o diálogo e a participação, essenciais para o fortalecimento do sistema democrático.

EDIÇÕES ANTERIORES

Este é um ano histórico para a Democracia. Vários países no mundo vão às urnas e a integridade da informação é vital para que os eleitores possam tomar decisões mais esclarecidas. Recentes eventos sobre integridade da informação realizados no Brasil abriram espaço para firmar o consenso de que a desordem informacional não tem como ser combatida apenas com regulações, seja das empresas detentoras das plataformas ou do Estado. O desafio é mais amplo e as respostas passam por confrontar o comportamento digital no "mundo real", onde as leis que já asseguram liberdades também impõem responsabilidades.

Em nossas apurações, analisamos a polarização como modelo de negócio. As grandes empresas de tecnologia, responsáveis pela moderação no uso das mídias digitais, estão no centro do debate sobre regulação por privilegiarem a economia da atenção na incivilidade. Entre as soluções para amenizar as tensões sociais promovidas pelo extremismo político e o pânico moral a respeito do controle do Estado na regulação das redes, as leis em vários países têm revelado uma abordagem mais pautada na punição.

Nos dedicamos nesta semana a avaliar os riscos para a liberdade de expressão diante da ineficiência das plataformas digitais na moderação de conteúdos ilegais e do aumento de veículos supostamente noticiosos alimentados exclusivamente por Inteligência Artificial. As opiniões estão tomando conta do cenário informativo e a sofisticação das estratégias de desinformação torna muito difícil para o eleitor identificar o proselitismo político de grupos sem compromisso com os fatos.

O segundo boletim do Observatório Desinformação Informacional em Pauta discute a relação entre o populismo digital e a comunicação política. Em casos como o bate-boca digital entre o bilionário Elon Musk, dono do ex-Twitter, e o Estado brasileiro, o confronto direto para combater falsos argumentos nem sempre é a melhor estratégia.